Nascido em 29/02/1872 em Niterói, filho de Cristóvão José Pinto Guimarães e
Joaquina Antonieta de Mattos Guimarães, teve uma infância como uma criança qualquer, freqüentando escolas primárias.
Casou-se com Anna Cruz Guimarães e teve como filhos: Oscar, Oswald, Odette, Oscarina (falecida precocemente), Orlando e Alcides.
Antenor Guimarães chegou à Vitória em 13/06/1886, as 18:00 horas, em companhia do tio José Pinto Guimarães, a bordo do vapor Mayrink, do Lloyd Brasileiro, aos 14 anos de idade, vindo de Niterói. Passou a morar na casa de seu tio, situada à rua da Alfândega, 11.
Tendo chegado no meio do ano letivo, não foi matriculado no Ateneu Provincial, mas sim na escola particular do Prof. Meyer, mas para cumprir as formalidades, os exames deveriam ser prestados no Ateneu. No ano seguinte foi estudar no Ateneu e entre outras aulas, freqüentava o externato Dr. Florêncio Franco Gonçalves, onde foi logo designado para decuriar uma classe, da qual faziam parte, dentre muitos, os alunos João e Cyrillo Tovar.
Inicialmente trabalhou nas firmas Guimarães & Figueiredo (que tinha como sócio principal o seu tio José Pinto Guimarães, irmão do seu pai Christóvão José Pinto Guimarães); Pacheco Rodrigues & Cia. (firma a qual José Pinto Guimarães, seu tio, se associara); Rodrigues Pereira & Cia. (originada da Pacheco Rodrigues & Cia – nesta firma foi trabalhar no armazém e depois trabalhou também como guarda livros); e na Camuyrano & Cia., (firma do Rio de Janeiro e Buenos Aires, que fornecia carne verde à população e que depois encampou a Rodrigues Pereira & Cia.). Na Camuyrano Antenor Guimarães exerceu o cargo de guarda livros, sendo que para isso tinha que ir diariamente ao matadouro em Santo Antônio, para assistir a pesagem do gado abatido. Depois foi transferido para o escritório e passou a trabalhar sob a chefia do guarda livros José Carlos da Silva.
Até então, Antenor Guimarães trabalhava como auxiliar dessas sucessivas firmas, dirigidas e organizadas por seu tio. Depois destas experiências como empregado, descobriu que a sua verdadeira vocação estava na liderança dos negócios e fundou as seguintes empresas:
1. Guimarães e Silva, fundada em 27/06/1888. Com 16 anos de idade e estando há apenas 2 anos em Vitória, fundou a Guimarães e Silva, agência de navios, estiva, cargas e descargas e transportes terrestres. O primeiro vapor a ser agenciado foi o Itararé, da praça de Santos. Os trabalhos de agenciamento prosseguiram com os vapores da firma Rodrigues Faria, posteriormente transformada em Companhia Comércio e Navegação. Depois agenciou a Empresa de Navegação Rio de Janeiro e logo depois a Costeira, sob a direção de Antônio Lage, avô de Henrique Lage. Contratou com a Estrada de Ferro Vitória à Diamantina a abertura da primeira agência de venda de passagens e entregas e recebimento de cargas dessa mesma companhia na cidade de Vitória, passando mais tarde a vender passagens e a fazer o serviço de cargas da Leopoldina Railway. Foi nessa ocasião que houve uma tentativa de assassinato, na pessoa de Antenor Guimarães, por um trabalhador desconhecido, presumindo-se tratar de uma vingança de um catraieiro, magoado por ter aquele administrador iniciado, na baía de Vitória, o transporte de passageiros e bagagens, por meio de lanchas, até a estação. Esta empresa foi a que deu origem a empresa Antenor Guimarães & Cia e depois a Antenor Guimarães & Cia. Ltda.
2. J. Guimarães & Cia., fundada em 01/10/1906. O ramo de industrialização era serragem de madeiras, tendo sido a mesma extinta em novembro de 1908.
3. H. Silva & Cia., fundada em 03/01/1909 - Empresa fundada para fazer o serviço de estiva dos vapores do Lloyd Brasileiro. Ainda nesse mesmo ano contratou e executou a construção da ponte de madeiras da Leopoldina Railway, situada à margem sul do porto de Vitória, para atracações de vapores estrangeiros e descarga dos materiais para os serviços de água, esgotos, luz, bondes e telefones de Vitória, assim como descarga de materiais destinados à Estrada de Ferro Vitória a Minas. Em 29 de janeiro de 1909 contratava a execução dos serviços de limpeza pública com a Prefeitura de Vitória, deixando este encargo ao ser eleito vereador. Em 1909, ainda, contratou a colocação dos canos de água no canal do porto, em Guayamum, para o abastecimento de Vitória.
4. Elisyo Bastos & Cia., fundada em 05/11/1911 - Esta empresa tinha a finalidade de organizar o transporte de banhistas para a praia do Suá, em “tilburys e vitórias e para agenciar o Lloyd Brasileiro e serviços de estiva, cargas e descargas. Esta firma foi dissolvida em 27 de maior de 1915.
5. Olyntho Alves & Cia., fundada em 27/03/1912 – O objetivo era de transportes terrestres em caminhões e carroças, passando a essa firma todo o material e organização que vinha funcionando sob seu nome. Dissolvida seis anos mais tarde, voltou o material à firma individual, mais tarde Antenor Guimarães & Cia. Ltda.
6. Antenor Guimarães & Cia. - Em 1914 transferiu seu ativo e passivo a esta empresa com o capital de 200.000,00. Esta empresa continua ativa nos dias atuais com o nome de
Antenor Guimarães & Cia. Ltda.
7. Braz Avolio & Cia. – Fundador e sócio no ramo de construções.
8. Sydnei Pereira & Cia. - Agência de automóveis da General Motors.
9. Oscar Guimarães & Cia. - Agência de automóveis da Ford Motors.
10. R. Morton & Cia. Ltda. - fundada em 1921, para salvamento da carga e materiais do vapor “Glenerchy”, naufragado na barra de Vitória.
11. Guimarães & Cia. - em 11 de janeiro de 1921, para exploração de uma serraria.
Antes de organizar a firma, Antenor Guimarães manteve, até 1910, um serviço de entrega de água a domicílio, ao preço de 200 réis por décimo. Este serviço foi extinto ao ser feita a distribuição, por canalização, no governo Jerônimo Monteiro.
Na virada do século XIX para XX, Vitória era uma cidade pequena e comprimida entre a montanha e o mar, com população inferior a 5.000 habitantes. Se de um lado ser uma pequena cidade tinha suas dificuldades, de outra se descortinava um horizonte para o progresso.
Foi esta oportunidade que Antenor Guimarães aproveitou.
Antenor Guimarães podia ser descrito como circunspecto, honesto, sincero e franco em suas relações comerciais e pessoais. Segundo relatos de pessoas de suas relações próximas, difícil e impossível eram palavras que não existiam em seu vocabulário. O que para muitos parecia difícil e trabalhoso, ele reagia dizendo que o problema é que estas pessoas não tinham vontade de trabalhar ou de realizar uma tarefa. Entendia os problemas como oportunidade de negócio.
Algumas vezes foi financiado por seus amigos Anísio Fernandes Coelho e Antônio Alves de Azevedo, já que, à época, não havia em Vitória estabelecimentos bancários. A primeira casa bancária a se instalar em Vitória foi uma filial do
Bank of London, em 1909, anos antes do Banco do Brasil abrir sua primeira agência.
Com o árduo trabalho desenvolvido a prosperidade acabou batendo a sua porta. A sua casa foi a primeira a ter luz elétrica e telefone. Construiu uma residência no Parque Moscoso, antigo Campinho, a
Vila Oscarina, para a qual importou quase todo o material de construção e inclusive pintores italianos.
Os maiores vultos da navegação nacional da época eram seus amigos e nada faziam no Porto de Vitória sem previamente consultá-lo. Dentre eles: Antônio Martins Laje, Rodrigues Faria, Sérvulo Dourado, Conde Ernesto Pereira Carneiro, Comandante Cantuária Guimarães, Henrique e Jorge Laje, Antônio Ferraz, Mário de Almeida, Comendador Martinelli e muitos outros.
Em algumas ocasiões hospedava em sua casa pessoas ilustres, a pedido de autoridades ou mesmo por sua iniciativa. Foi assim com
Nilo Peçanha, que se hospedou na Vila Oscarina, sua residência, quando esteve em Vitória, em 1921, em viagem de campanha pelo Brasil.
Antenor Guimarães & Cia. Ltda.
A vida de Antenor Guimarães se confunde com as sucessivas empresas que fundou, notadamente a que leva o seu nome: Antenor Guimarães & Cia. Ltda. Desde a sua fundação a empresa se caracterizou pela sua ação empreendedora em consonância com os objetivos de desenvolvimento e sociais da cidade de Vitória.
Antenor enxergava na cidade várias necessidades da população e transformava estas necessidades em negócios, solucionando o problema existente.
Assim foi inicialmente com a necessidade de transporte para a Praia do Suá, a preferida dos banhistas da época. Para isto, organizou, a 29/06/1908, um serviço de transporte coletivo, utilizando “tilburis” e “vitórias”. (Novaes-p.368)
As necessidades da cidade iam aparecendo e iam sendo pensadas e implementadas soluções. Foi assim também com a questão do transporte entre Vitória e Argolas. Isto porque os ramais ferroviários da Leopoldina Railway e Vitória a Minas terminavam no outro lado da baía de Vitória. A
ponte Florentino Avidos ainda não havia sido construída e a travessia era um problema. Então, em 25/02/1905 celebrou contrato para a travessia com a Leopoldina Railway e com a Vitória a Minas em 29/12/1910.
A cidade de Vitória no início do século XX não possuía porto. Os navios
ficavam ancorados na baía e as cargas e passageiros tinham que ser transportados por saveiros e lanchas.
Esta necessidade consolidou a empresa Antenor Guimarães & Cia. Ltda. como precursora da logística marítima. O transporte das cargas e dos passageiros passou a ser feito pelas embarcações de Antenor Guimarães & Cia. Ltda. e as cargas eram armazenadas em seu trapiche situado na Av. Jerônimo Monteiro
e na Ilha da Fumaça.
Navio fundeado na baia de Vitória, com os saveiros da firma Antenor Guimarães & Cia. Ltda retirando e colocando mercadorias e a lancha de passageiros também de AGC. Foi pensando nesta logística que a Ilha da Fumaça foi adquirida.
Sempre pioneiro, ainda não existiam estradas intermunicipais para automóveis e a AGC já comercializava automóveis que valiam, aproximadamente, Rs2:500$000, ou seja, dois contos e quinhentos mil réis.
Foi
introdutor da Ford no Espírito Santo e, mais tarde, agenciou outras marcas, inclusive Chevrolet e Studbaker.
Foto tirada em 27/04/1930, data em que a empresa completava 42 anos, em seu escritório situado à época na rua Jerônimo Monteiro, 26. Na foto encontram-se sentados, da esquerda para a direita, Oscar, Orlando, Alcides e Oswald, (filhos e sócios de Antenor Guimarães) Antenor Guimarães, sua esposa Anna Cruz Guimarães, sua filha Odette Guimarães e seu marido Sidney Pereira de Souza. Em pé, empregados e parceiros de AGC.
Com a cidade e com a produção do café em alta na década de 20, a empresa foi crescendo e aumentado suas atividades e sua infraestrutura, o que viabilizou a aquisição da
Ilha da Fumaça.
Motivado com a crescente necessidade de transporte de passageiros foi adquirindo navios pequenos e lanchas. O material flutuante foi sempre aumentando, chegando em 1934, a 50 embarcações, com capacidade para carregar cerca de 50.000 sacas de café, ou seja, 3.000 toneladas. Pouco para os dias de hoje, mas muito para a capacidade dos “vapores” e dos trapiches da época.
Estas embarcações muitas vezes eram colocadas a disposição da população a preços simbólicos, por ocasião da romaria da festa de N. Sra. Da Penha.
Muitas tentativas foram feitas para manter a navegação pequena de cabotagem, com
barcos a vela como "Carneiro", escuna "Wulf" e, mais tarde, o navio "Monte
Moreno", mas a navegação costeira não foi uma atividade que foi empreendida como
Antenor Guimarães gostaria. A expertise da AGC sempre foi a de serviços portuários. Na época, eram concorrentes de AGC Aristides Navarro e Manoel Pinto de Mesquita.
Em 1934 a firma Antenor Guimarães & Cia., depois de adquirir todo o material flutuante da firma Mesquita & Cia., sua concorrente, realizou o salvamento do vapor alemão “Rio de Janeiro”, que entrou em nosso porto com fogo a bordo.
A empresa Antenor Guimarães & Cia. Ltda. além de atuar na logística marinha, atuou também em outros ramos.
Inicialmente construindo para utilização própria, imprimindo seu lado pioneiro na construção civil, com a construção do primeiro edifício de Vitória, que leva o seu nome.
O edifício Antenor Guimarães foi o primeiro edifício construído em Vitória.
( Acesse a área Registros)
Em 1942 construiu o edifício Henrique Lage, de 6 pavimentos, na rua Jerônimo Monteiro, que depois foi alugado à Cia. Vale do Rio Doce.
No ramo de representação comercial foi representante na cidade de muitas empresas de vários ramos diferentes, como de alimentação, atacado, iluminação, tecidos, veículos. Uma pequena mostra pode ser apreciada na reprodução do envelope comercial,
frente e verso.
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A empresa era inicialmente constituída por Antenor Guimarães, seu tio e irmão e depois passou a contar com seus filhos: Oswald, Alcides, Oscar e posteriormente Odette. Após a morte de Antenor Guimarães, o filho Oswald Guimarães assumiu a gerência da empresa, que ainda permaneceu por longo tempo ativa com esta composição.
Posteriormente, a empresa passou a ser administrada pelos herdeiros de Oswald Guimarães,
bisnetos de Antenor Guimarães, e encontra-se ainda ativa e instalada na Ilha da Fumaça.